terça-feira, outubro 30, 2007

Panfleto de Início de Ano da FAE


Bem vindo(a) colega! O primeiro ano na universidade é uma fase de grandes mudanças na tua vida. Provavelmente saíste de casa dos teus pais, vais conhecer pessoas novas, vais conhecer a academia de Coimbra e as suas festas! Mas nem tudo é um mar de rosas...


Também vêm aí as dificuldades que esta fase acarreta. Vais precisar de procurar casa numa cidade em que a especulação imobiliária bate recordes, vais ter de comprar os livros cada vez mais caros, vais ter de aturar as filas a que te obriga a burocracia! Perante todas estas dificuldades seria de esperar algum apoio... Ao invés disso, o Governo Sócrates, em vez de defender os interesses de toda a população, em particular dos estudantes, faz tudo por nos dificultar a vida!


Não bastassem as propinas, um peso injusto no teu bolso e no da tua família, o governo aprovou recentemente o Processo de Bolonha, um novo Regime Jurídico para as Instituições de Ensino Superior (RJIES), e prepara-se para implementar um sistema de empréstimos para os estudantes. O Processo de Bolonha, a maior reestruturação do Ensino Superior português, tanto a nível curricular, como ao nível do financiamento, divide os cursos em dois ciclos. O primeiro com três anos dá-te menos formação que a antiga licenciatura, sendo que para a aprofundares no segundo ciclo, é provável que tenhas de pagar propinas ainda mais caras. As consequências são que todos nós, estudantes, teremos cada vez mais dificuldade em aceder a uma formação superior, e a que temos mais ao nosso alcance (o 1º ciclo) não nos prepara para um futuro que se espera cada vez mais difícil para os jovens recém licenciados.

Por sua vez o RJIES vem diminuir a tua participação que enquanto estudante tinhas, sendo que afasta os teus representantes dos órgãos de gestão da universidade, aumentando ao mesmo tempo a participação nos mesmos de pessoas de “reconhecido mérito” - leia-se empresários - que não pensarão nos teus interesses e direitos, mas sim no seu próprio enriquecimento. Este regime possibilita ainda que as universidades e os politécnicos passem a Fundações de Direito Privado, transformando o teu direito à educação num negócio bastante rentável. É disso exemplo, a concessão de cantinas e residências a empresas que não se preocuparão tanto com aquilo que comes, ou com a forma como vives, mas sim com o dinheiro que poderão fazer contigo. Por fim, o sistema de empréstimos para estudantes, que à partida até te poderia soar bem, mais não é do que garantir o teu endividamento antes de garantir o teu futuro emprego! E perante este futuro que não se avizinha nada fácil, o que fazer?

Há que resistir e defender os nossos direitos! E sabendo que sozinhos não vamos a lado nenhum temos de nos unir para o fazer. É por isso que surge a Frente de Acção Estudantil (FAE), um colectivo aberto de estudantes, que, preocupados com a situação no Ensino Superior, fartos de ver os seus representantes tradicionais a não ir para além da conversa, procura debater e organizar uma resposta combativa na defesa dos nossos direitos! Sabendo que todos e todas as estudantes devem ter uma palavra nesta luta, e noutras que se vivem na nossa sociedade, chamamos-te para te juntares a nós, pois só o teu contributo garante uma universidade pública, para toda a gente, gratuíta e de qualidade!

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