quarta-feira, dezembro 20, 2006

Comunicado da Frente de Acção Estudantil sobre Detenção de Jovens Galegos

No 21 de Novembro, dois jovens galegos foram detidos, enquanto se preparavam para um acto de protesto contra a presença do ex-Ministro Israelita dos Negócios Estrangeiros, Shalom Ben-Ami, convidado para dar uma Conferência na capital da Galiza, Santiago de Compostela. Durante a detenção, que durou até ao dia 22 de Novembro, estes jovens foram ainda torturados e reprimidos repetidas vezes pela Polícia Espanhola.

Tanto a detenção dos jovens que se pretendiam manifestar, como a tortura e repressão de que foram alvo, congrega para nós um grave atentado à liberdade de expressão e ao direito à manifestação. Em pleno século XXI e em regimes que se reclamam “democráticos”, estas atitudes são para nós inaceitáveis. Nesse sentido, enquanto Frente de Acção Estudantil, repudiamos a repressão sofrida por estes companheiros, afirmando também a nossa solidariedade com os protestos contra a política de guerra do Estado de Israel.

segunda-feira, outubro 30, 2006

A praxe, a latada e o machismo anacrónico

Olhando para o cartaz da Latada de 2006 da Universidade de Coimbra podemos facilmente identificar três dos principais traços que definem hoje o ambiente académico: a irreverência boémia, a violência simbólica e o machismo.

Quanto ao primeiro, a cultura estudantil, o divertimento e o ritualismo festivo constituem um campo de práticas socioculturais constituintes da própria identidade académica e da imagem pública da Lusa Atenas. Nada contra isso. Afinal, a irreverência, a subversão, a boémia e os comportamentos extremos são desde sempre associados à rebeldia da juventude estudantil. Além disso, como se sabe, o consumo de álcool, a praxe, os excessos e a violência contra os caloiros já são temas de polémica desde pelo menos o século XVIII. Nada disto é novo, portanto. Porém, enquanto até anos sessenta esta irreverência transportava em si uma cultura de dissensão, uma mistura de elementos de diversão e consumos culturais de vanguarda, onde a boémia se combinava com a consciência crítica e até com a acção política (como durante a crise de 1969), nos dias que correm as sociabilidades estudantis e os rituais académicos obedecem mais a uma lógica consumista e os excessos cometidos nas festividades académicas são, infelizmente, mais visíveis no abuso do álcool, nos comportamentos irracionais e na violência sobre os caloiros. O lado social e político da irreverência estudantil parecem irremediavelmente perdidos, pelo menos no contexto das festas académicas.

Em segundo lugar, as praxes estão hoje desadequadas, pelo menos na sua actual forma, perante a massificação da Universidade e contrariam muitas vezes o respeito pelas regras democráticas de civilidade e o direito à diferença. Há uma crescente consciência crítica que olha as brincadeiras praxistas com desconfiança e aumenta o sentimento de que elas devem adaptar-se à nova realidade académica. Num inquérito recente, aplicado em 2005 aos estudantes de Coimbra (no âmbito de um projecto em conclusão no Centro de Estudos Sociais), apenas cerca de 15% acham que a praxe se deve manter como está. 51,5% responderam que a praxe deve ser revista por forma a receber melhor os novos alunos, 67,4% entendem que deve rejeitar qualquer forma de violência e 71,7% acham que deve ser facultativa e respeitar quem não quiser aderir. Isto mostra como a violência simbólica (e, por maioria de razão, a física) é rejeitada pelos estudantes.

Finalmente, a questão do sexismo. Como se sabe, a cultura machista e ‘viril’ é típica de ambientes masculinos e celibatários, como era a Universidade portuguesa até aos anos sessenta do século passado. Mas, hoje, perante uma Universidade fortemente feminizada, é no mínimo desajustada a presença desse mesmo sexismo, borguista e marialva. E no entanto eles aparecem aqui ostensivamente em todo o seu esplendor. Repare-se: primeiro, não há uma única mulher entre os figurantes. Depois, note-se, os três personagens da primeira fila – os caloiros – não apenas aparecem nas suas poses ridículas perante o gozo dos restantes “matulões”, como as vestes e adereços que usam lhes conferem um aspecto feminino. Assim, a feminilidade é atingida de duas maneiras: apagam completamente mais de 60% de estudantes da UC que são raparigas, ao mesmo tempo que os alvos da chacota são rapazes travestidos de meninas. Esta cultura de pseudo-virilidade machista continua a ser exibida, com o seu lado violento bem visível nos objectos de “tortura” e na pose ameaçadora dos mais velhos sobre os mais novos.

Pergunta-se: até quando as estudantes desta universidade vão aceitar passivamente ser excluídas e humilhadas pela cultura machista e conservadora que continua a dominar o mundo estudantil? É tempo de um verdadeiro movimento feminista se impor na Universidade de Coimbra. Porque isto não é uma mera situação pontual. É apenas o reflexo de um panorama geral em que a representação das mulheres nas estruturas associativas dos estudantes e nos órgãos de gestão da universidade é praticamente nula. É a presença de uma mentalidade anacrónica, que continua a remeter o género feminino para um papel secundário ou meramente decorativo.

Por Elísio Estanque, Professor na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

domingo, outubro 29, 2006

Processo de Coimbra - O Processo de Bolonha

Em parceria, a RU( e A Cabra criaram o Processo de Coimbra [Quintas, 21h @ 107.9FM], programa de debate semanal na Rádio Universidade de Coimbra.

No primeiro programa [19 de Outubro] discutiu-se o Processo de Bolonha, tendo como convidados

Vice-Reitora da Universidade de Coimbra Cristina Robalo Cordeiro
Coordenador da Política Educativa da Associação Académica de Coimbra Edgar Mendes
Representante da Frente de Acção Estudantil João Reis

Disponibilizamos aqui [mp3] o programa completo.


Cortesia da RU(.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Corte da Padre António Vieira


Porque o acesso à Universidade é cada vez mais restrito e mais injusto, junta-te a nós! Por outro Ensino Superior!

[pdf]

segunda-feira, outubro 09, 2006

Concentração

Actualmente, a implementação do Processo de Bolonha é o principal assunto com que se deparam os estudantes do Ensino Superior em Portugal. Este processo começou por ser discutido a nível europeu desde há alguns anos. No entanto, a sua concretização hoje em Portugal está a ser levada a cabo pelo Governo Sócrates, que tomou esta questão como a sua principal política para o Ensino Superior.

Com Bolonha, os cursos vão-se dividir em dois ciclos, tendo o 1º a duração de três anos (licenciatura) e o 2º a duração de dois anos (mestrado). A formação do 1º ciclo será mais geral, ficando desvalorizada perante o mercado de trabalho, o que obrigará os estudantes a frequentar o 2º ciclo para obter uma formação mais especializada, correspondente à que antes adquiriam com a licenciatura. Contudo, para aceder ao 2º ciclo, na maior parte dos casos, os estudantes serão confrontados com um aumento de propinas correspodentes às do actual mestrado, bem como com a existência de numerus clausus. O Processo de Bolonha implica ainda uma reestruturação do sistema de créditos, os quais serão atribuídos a cada disciplina, consoante o número de horas de trabalho gastas com a mesma. Isto significará um aumento da carga horária, que impossibilitará de trabalhar, ou de ter qualquer actividade extra-curricular, a todos aqueles que o queiram ou necessitem de o fazer.

Esta reforma do Ensino Superior surge num contexto de desinvestimento e desresponsabilização estatais não só no ensino, mas também nos restantes serviços públicos, o que dificultará cada vez mais o acesso da maioria da população aos mesmos.

No próximo dia 11 de Outubro, realizar-se-á um Senado para aprovar a aplicação de Bolonha em vários cursos da Universidade de Coimbra. Porque deves ter algo a dizer sobre este processo, a tua participação na Assembleia Magna de hoje é essencial! Aparece!

sábado, setembro 23, 2006

Assembleia Magna

quinta-feira, junho 08, 2006

Pró-Bolonha?


ACABRA.NET - Jornal Universitário de Coimbra: "O grupo acusa a Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) de ter “um discurso dúbio” relativamente ao Processo de Bolonha e ir contra as deliberações de Assembleia Magna."

sábado, junho 03, 2006

Documentos e Declarações

Box.net - Consulta aqui os nossos documentos. Inclui:

- Declarações da Frente de Acção Estudantil
- Declaração de Bolonha
- Parecer conjunto das direcções da AAC; AAUM; AAUA e FAP

sexta-feira, maio 26, 2006

RUC

Notícia RUC: "Contra uma privatização dos serviços sociais em prol de uma diminuição do financiamento estatal para o Ensino Superior"



(João Reis) [ruc]

terça-feira, maio 23, 2006

Debate dia 25 de Maio


O processo de Bolonha é hoje a principal reforma do governo português para o ensino superior. Diariamente, este processo é-nos apresentado como a mudança que vai garantir um real aumento de qualidade do ensino superior. No entanto, as informações que já temos, dizem-nos bem o contrário.

1. O processo de Bolonha está, primeiro que tudo, enquadrado num projecto mais vasto a nível europeu de privatização dos serviços sociais, como a saúde e a segurança social, que tem levado à progressiva destruição do Estado Bem-Estar social. Nesse sentido, pretende-se essencialmente que o Estado invista cada vez menos e que a educação superior europeia possa cada vez mais competir no mercado internacional com o Ensino dos EUA. Na realidade, Bolonha prevê a diminuição do financiamento estatal para o ensino superior, apostando na entrada das empresas nas universidades como forma de financiamento das mesmas. A educação será assim cada vez mais privada e o seu financiamento mais dependente da vontade de investimento das empresas. As áreas menos rentáveis, como por exemplo as humanidades, tenderão a ter menos financiamento ou mesmo a acabar.

2. Bolonha reformula a estruturas dos cursos, tal como os conhecíamos até agora, sendo que este passará a estar dividido em dois ciclos: um primeiro de formação mais geral e um segundo com formação mais específica. Muitos estudantes pensam que isto será positivo pois poderão sair licenciados mais cedo. No entanto, a divisão em dois ciclos levará à desvalorização do 1º ciclo. Isto fará com que aqueles que o terminem saiam mais precários para o mercado de trabalho, criando cada vez mais a necessidade de frequentar o 2º ciclo de estudos. Contudo, este não estará acessível a todos: as propinas do 2º ciclo serão pagas a preço de mestrado (exemplos.....) e em muitos casos existirão numerus clausus na passagem de um ciclo para o outro. Nesse sentido, só poderá frequentar o 2º ciclo quem tiver possibilidades económicas para o fazer, o que tornará o ensino superior ainda mais elitista.

3. Outra das máscaras de Bolonha é a mobilidade, uma vez que é esta uma das supostas vantagens do processo. Contudo, visto que não haverá qualquer incremento estatal que possa fomentar a mesma, esta continuará a estar dependente dos recursos económicos de cada um. Ao mesmo tempo, Bolonha implementa um novo sistema de créditos (ECTS). Estes serão atribuídos a cada disciplina, consoante o número de horas de trabalho gastas com a mesma. Isto significará um aumento da carga horária, que impossibilitará de trabalhar, ou de ter qualquer actividade extra-curricular, a todos aqueles que o queiram ou necessitem de o fazer.

Por uma Frente de Acção Estudantil! Contra Bolonha! Por um ensino público, gratuito e de qualidade!

segunda-feira, maio 01, 2006

Plenário dia 3 de Maio


José Sócrates propôs-se governar o país prometendo “novas políticas sociais” que permitissem “qualificar as pessoas e aumentar o emprego”, garantir “protecção social e combater a pobreza” e assegurar “mais e melhor educação”. Contudo, como os anteriores, o governo de Sócrates continua uma lógica de privatização/ mercantilização de sectores fundamentais da sociedade e de precarização das nossas condições de trabalho e estudo.
A nível do Ensino Superior, falar do actual governo é falar da aplicação do Processo de Bolonha nas nossas faculdades, sabemos que poucos terão acesso à mobilidade, teremos de pagar mais para frequentar os dois ciclos e sairemos ainda mais precários para o mercado de trabalho se fizermos apenas o primeiro. É falar também da continuação dos cortes na acção social e do aumento das propinas, numa situação em que cada vez mais os empréstimos são apresentados como solução. Perante esta situação, a Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra continua a dar como saída para o movimento acções de protesto que não vão além do simbolismo e que só levam à desmoralização de todos aqueles que querem lutar.
Muito recentemente, tivemos um exemplo de como só uma posição combativa pode mudar esta situação. Em França, tivemos manifestações semanais com milhões de estudantes e trabalhadores na rua, após as quais o governo Villepin, contra a sua vontade, teve de recuar na aplicação do CPE (Contrato Primeiro Emprego).
Por tudo isto, é preciso construir uma alternativa, que funcione como plataforma de luta e contribua para dar uma resposta ao marasmo em que se encontra o movimento estudantil.