terça-feira, maio 23, 2006

Debate dia 25 de Maio


O processo de Bolonha é hoje a principal reforma do governo português para o ensino superior. Diariamente, este processo é-nos apresentado como a mudança que vai garantir um real aumento de qualidade do ensino superior. No entanto, as informações que já temos, dizem-nos bem o contrário.

1. O processo de Bolonha está, primeiro que tudo, enquadrado num projecto mais vasto a nível europeu de privatização dos serviços sociais, como a saúde e a segurança social, que tem levado à progressiva destruição do Estado Bem-Estar social. Nesse sentido, pretende-se essencialmente que o Estado invista cada vez menos e que a educação superior europeia possa cada vez mais competir no mercado internacional com o Ensino dos EUA. Na realidade, Bolonha prevê a diminuição do financiamento estatal para o ensino superior, apostando na entrada das empresas nas universidades como forma de financiamento das mesmas. A educação será assim cada vez mais privada e o seu financiamento mais dependente da vontade de investimento das empresas. As áreas menos rentáveis, como por exemplo as humanidades, tenderão a ter menos financiamento ou mesmo a acabar.

2. Bolonha reformula a estruturas dos cursos, tal como os conhecíamos até agora, sendo que este passará a estar dividido em dois ciclos: um primeiro de formação mais geral e um segundo com formação mais específica. Muitos estudantes pensam que isto será positivo pois poderão sair licenciados mais cedo. No entanto, a divisão em dois ciclos levará à desvalorização do 1º ciclo. Isto fará com que aqueles que o terminem saiam mais precários para o mercado de trabalho, criando cada vez mais a necessidade de frequentar o 2º ciclo de estudos. Contudo, este não estará acessível a todos: as propinas do 2º ciclo serão pagas a preço de mestrado (exemplos.....) e em muitos casos existirão numerus clausus na passagem de um ciclo para o outro. Nesse sentido, só poderá frequentar o 2º ciclo quem tiver possibilidades económicas para o fazer, o que tornará o ensino superior ainda mais elitista.

3. Outra das máscaras de Bolonha é a mobilidade, uma vez que é esta uma das supostas vantagens do processo. Contudo, visto que não haverá qualquer incremento estatal que possa fomentar a mesma, esta continuará a estar dependente dos recursos económicos de cada um. Ao mesmo tempo, Bolonha implementa um novo sistema de créditos (ECTS). Estes serão atribuídos a cada disciplina, consoante o número de horas de trabalho gastas com a mesma. Isto significará um aumento da carga horária, que impossibilitará de trabalhar, ou de ter qualquer actividade extra-curricular, a todos aqueles que o queiram ou necessitem de o fazer.

Por uma Frente de Acção Estudantil! Contra Bolonha! Por um ensino público, gratuito e de qualidade!

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