quinta-feira, dezembro 13, 2007

Manifesto da FAE para as eleições da AAC

Projecto F - “Chega-te à Frente, defende o que é teu!”


Vivemos numa altura em que os estudantes vêem os seus estudos condicionados pelo aumento de propinas e pela dificuldade em obter bolsas de estudo e residências, devido aos cortes orçamentais no Ensino Superior. Além disso, as avaliações contínuas obrigatórias que afastam aqueles que têm de trabalhar para pagar os seus estudos, as aulas sobrepostas e os demais problemas resultantes de Bolonha desmentem a suposta qualidade que este processo traria ao ensino. Assim, a privatização do ensino superior, principal política do governo Sócrates para a educação, deixa de ser uma frase feita e revela-se uma realidade cada vez mais amarga.

No entanto, o movimento estudantil parece não ter resposta que trave os ataques aos direitos dos estudantes feitos. Desde o processo de Bolonha à nova lei dos empréstimos, passando pelo novo Regime Jurídico do Ensino Superior e pelos cortes orçamentais, não houve uma tomada de posição consequente por parte das diversas direcções estudantis, que pusesse verdadeiramente em causa estas políticas.

Neste sentido, urge a criação de um espaço combativo, que envolva todos e todas os estudantes na perspectiva de construir um movimento que lute por um ensino público, gratuito, democrático e de qualidade. É isso que a Frente de Acção Estudantil (FAE) se propõe a ser: um colectivo de estudantes inconformados com a actual situação, que leva até à academia a discussão dos problemas actuais do ensino, bem como as formas para derrotar as políticas que privatizam a Universidade.

Nos dias 27 e 28 de Novembro vão ter lugar as eleições para os órgãos da Associação Académica de Coimbra (AAC). Relembrando as eleições dos últimos anos, assistimos à apresentação de listas completamente despolitizadas e que não constituem alternativa. Pelo contrário, entendemos que este momento de eleições deve servir para reflexão da actual situação do ensino superior, preparando aquilo que deve ser a actuação da futura Direcção Geral na defesa dos direitos dos estudantes.

Para isso é necessário uma academia que verdadeiramente inclua a participação de todos os estudantes. Por isso, defendemos Assembleias Magnas mais regulares e participadas e uma maior interligação entre todos os núcleos, que é fundamental para envolver os estudantes de todos os cursos na vida da AAC. Porque sabemos que as vitórias dos estudantes sempre foram feitas com luta, nas ruas, queremos uma associação de estudantes combativa e que tome uma posição clara e de luta relativamente às políticas que nos afectam a todos, sejam elas a diminuição de bolsas, a entrega das instituições de ensino superior às leis do mercado, a concessão de cantinas e residências a empresários ou o valor exorbitante de propinas que pagamos. E porque a Universidade não está desligada do resto da sociedade, consideramos que a intervenção dos estudantes não se esgota no movimento estudantil. Questões transversais a toda a sociedade como a guerra, a privatização do Serviço Nacional de Saúde e a precariedade laboral, que nos afectará no futuro, devem ser também preocupações de uma Associação Académica responsável.

Assim como somos por um ensino independente da lógica do lucro, também naquilo que é a nossa Academia defendemos também um maior apoio e envolvimento das várias secções e organismos autónomos, e a criação de espaços de convívio, cultura e desporto, geridos pelos estudantes, para os estudantes. Estes devem procurar o desenvolvimento em todos, de um espírito crítico e de intervenção na sociedade. Situações como a concessão do Bar da AAC a privados, que prejudicam a actividade das diversas secções da academia, em favor dos seus próprios interesses, são contrárias ao que defendemos!

Consequentemente, e no seguimento daquilo que tem sido a nossa actividade na academia, propomo-nos a trazer também a este espaço eleitoral aqueles que são os principais problemas que afectam hoje os estudantes e a proposta de uma alternativa democrática e combativa para os resolver.

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